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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Novos Rumos

Os últimos meses foram de muito silêncio e espera. Ao retornar de uma experiência que, sem dúvidas, mudou minha vida, visão e relacionamento com Deus, escolhi aquietar o coração e ouví-Lo atentamente quanto ao próximo passo.
Hoje, em consideração a todo o tempo em que caminhamos juntos (alguns me acompanham há 5 anos), gostaria de dividir com vocês este novo momento da minha vida.
Após quase quatro anos servindo a Deus através da Missão Betânia (tempo que deixará muitas lembranças e saudade), estou saindo da missão. Morarei no Rio de Janeiro, onde estarei trabalhando, servindo a comunidade Vineyard, cursando uma faculdade teológica e preparando-me para o casamento- que acontecerá em breve.
Entendo este novo tempo como sendo de preparo para alcançarmos os sonhos futuros que Deus tem compartilhado conosco. Mas, é claro que este tempo também compreende muitos desafios e oportunidades de exercermos àquilo para o qual o Senhor tem nos comissionado.

Oremos por isso!

Espero mantermos contato!
Com amor e profunda gratidão,

Sabrina Dummer

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Entre os espinhos

A demora pra voltar a escrever foi semi-proposital. Na verdade, eu queria desistir do blog, mas assim como Clarisse Linspector, eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida”. E essa é mais uma operação “salva-(minha)vidas”.
Em uma fase de tantas decisões, tenho orado incansavelmente por uma orientação. Confesso que, ao esperar por alguma resposta, fiquei extremamente aflita, não ouvindo aquilo que o Pai me dizia. O suposto silêncio estava me deixando ainda mais preocupada, até que, meditando na parábola do semeador, me dei conta de que um dos “solos inférteis”- mais precisamente os espinhos- representa exatamente as preocupações.
“Quanto ao que foi semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a palavra, mas a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam, tornando-a infrutífera.” Mt 13.22
A partir deste momento, o silêncio foi quebrado e eu pude ouvir a voz do Senhor: “Minha filha, eu tenho te ouvido, respondido e orientado. Porém, suas preocupações têm abafado a minha voz, impedindo que a Minha Palavra gere vida em você”.
Não tive outra reação a não ser me lançar aos pés de Jesus, quebrantar e orar para que cada um dos espinhos (que eu mesma cultivei) possam ser arrancados. Que o meu coração seja um terreno fértil. Que eu veja os lírios, os pássaros...que eu ouça a voz do Pai!

sábado, 14 de maio de 2011

De mãos dadas



Os últimos dias estão entre os mais difíceis em que já atravessei na minha- ainda que pequena- caminhada. Não tem nada a ver com as comuns dificuldades transculturais, divergências entre equipe, necessidade de outro idioma, doenças, enfim... a dor agora se encontra na alma.
Arrumar as malas, me despedir de um povo que tão rapidamente eu amei com tanta intensidade, deixar para trás os sonhos construídos através de pequenas experiências ou de desejos baseados em grandes necessidades, foram coisas realmente difíceis de serem feitas. Agrava-se ainda, por não ter claro o motivo de tudo isso. Apenas a obediência, mesmo sem entender.
O coração sente-se apertado, talvez por desejar ardentemente expandir-se e ir em frente, mas deparar-se com barreiras em seu caminho. Talvez por sentir-se fracassado. Ou, quem sabe, seja mais uma vez a saudade. Saudade do que viveu, saudade dos sonhos que gostaria de ter vivido.
O bom desses momentos de “crise” é que nos fazem pensar e/ou repensar muita coisa. E foi o que eu acabei fazendo! Meditei- durante o vôo de retorno- em tudo aquilo em que fui, não fui, fiz e deixei de fazer. Desde o meu tempo de preparação no Brasil, e todo o período em que estive no Senegal. Entendi que quando unidos a Ele, não existem feitos sem importância, o tempo nunca é “perdido” e as mudanças não são sinal de fraqueza. Não existem ações vãs, orações não ouvidas ou falta de amor. O eterno vê e age com perspectivas eternas, é isso.
Em meio às lembranças, lágrimas e risos, uma sincera oração: “Obrigada, Pai, pela Sua presença constante. Por caminhares comigo e, enquanto isso, me fazeres crescer. E esse é o meu maior desejo: não soltar a Sua mão. Ir e voltar de onde e para onde o Senhor me conduzir. Como criança, como filha.”

quarta-feira, 27 de abril de 2011

"Muambinhas"

Gente...
Eu não deixar o Senegal sem levar comigo um pouco das cores e da arte, não é?!
Tem muita coisa linda!!!
Vou levar comigo algumas "muambas", mas como não tenho muita verba pra investir nisto...peço que encomendem o que desejarem! Se joooooooguem!

Lenços pashimina de váááárias cores! Lindos!!! (o mais difícil é que eu fico querendo todos pra mim!)

 Os animais de madeira são incríveis!!! E tem de todos os tipos, tamanhos e cores de madeira!






 O pensador! (acima) Amooo!!!

Esses macaquinhos são meus favoritos! São chamados de "as três sabedorias": não ouço, não vejo e não falo! kkkk Dizem que são ótimos para os vizinhos! kkkk

 Chaveirinhos
Carapide- transporte comum no Senegal

Boas compras!
Qualquer dúvida pode ser esclarecida por comentário;
e-mail: sabrinadummer@hotmail.com

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"...na Sua hora certa"

“Há um tempo certo para cada coisa: tempo para nascer, tempo para morrer; tempo para plantar, tempo para colher; tempo para matar e tempo para curar; tempo para destruir e tempo para construir de novo; tempo para chorar, tempo para rir; tempo para ficar triste, tempo para pular de alegria; tempo para espalhar pedras, tempo para ajuntar pedras; tempo para abraçar, tempo para não abraçar; tempo para procurar, tempo para perder; tempo pra guardar, tempo pra jogar fora; tempo pra rasgar, tempo para costurar; tempo para ficar quieto, tempo para falar; tempo para amar, tempo para odiar; tempo para guerra, tempo para ficar em paz; (...) Todas as coisas têm seu valor quando são feitas na sua hora certa.” Eclesiastes 3.1-8,11.
Creio que cada um de nós tem exemplos e situações pessoais para continuar essa narrativa, não é verdade? Vezes em que muito esperamos, outras em que o “tempo” chegou como que de surpresa, momentos em que o tempo em que programamos as coisas não passa na mesma velocidade em que o tempo real, estipulado por Deus...enfim, o importante é podermos concluir todas essas etapas com a certeza de que “todas as coisas têm seu valor quando são feitas na sua hora certa”.
No meu caso, houve o tempo de me preparar para vir para o Senegal, o tempo de realizar a viagem, o tempo de conhecer a cultura, a língua, os projetos e me envolver com o trabalho. O tempo de fazer, o tempo de esperar. O tempo de chorar, o tempo de me regozijar. O tempo de adoecer, o tempo de curar. O tempo de orar, o tempo de ouvir. O tempo de confiar em Deus, confiar em Deus e continuar confiando. De depender de Deus, depender Dele e seguir dependendo. O tempo de escrever a cada um de vocês, o tempo de receber conforto ao ler todos os e-mails e recados que me enviaram (...) e agora, é chegado o tempo de deixar este país, e retornar ao Brasil.
Como vocês estavam cientes, eu ficaria no Senegal até setembro deste ano, mas por alguns motivos pessoais e crendo, sobretudo, que esta é a vontade de Deus, retornarei ao Brasil no início de maio. Diante de um mix de sentimentos (pois ao mesmo que tempo sinto aquela paz vinda do alto, sinto também meu coraçãozinho apertar ao ter que me despedir de um povo que eu aprendi a amar tão intensamente), repito: “todas as coisas têm seu valor quando são feitas na sua hora certa”.
 “O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do espírito.” João 3.8

Com amor,
Sabrina Dummer

P.s: Chego direto na JUMIB, em Campinas e de lá organizarei as viagens e visitas a cada um de vocês, que estiveram comigo durante este tempo tão especial. Assim, poderemos mutuamente compartilhar as bênçãos, testemunhos, fotos e vídeos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A "terra prometida"

Aiii, é tão gostoso poder dar boas notícias a vocês!
E essa, ao mesmo tempo que é "uma benção" é também um desafio!
Mas, chega de explicações e vamos ao que interessa...


Vocês lembram deste lugar?
Logo que cheguei aqui, em janeiro, estive visitando o nosso trabalho em um village próximo ao Lago Rosa. Para (re)ler esta experiência, clique aqui.
O local é bem distante da cidade, fica em uma região deserta (sem energia, água encanada...). Lá, Juliesbertina- uma senegalesa que, junto a nós, tem dedicado sua vida em favor do seu povo- mora e desenvolve um trabalho com mulheres e crianças. Diariamente ela alfabetiza cerca de 38 crianças em uma salinha minúscula (esse número só não é maior pela falta de espaço, e o sol muito forte impede-a de dar aulas ao ar livre), prepara o lanchinho...além disso desenvolve um trabalho semanal de recreação, histórias e musiquinhas com cerca de 180 crianças (também com lanchinho).
Porque eu estou contando isso? Porque os sonhos e projetos da nossa equipe não terminam por aí!
Queremos construir um local maior para a sala de aula; Desenvolver um trabalho ambulatório e de nutrição para a população do village; Fazer uma horta, galinheiro e outras fontes de alimento e recursos, dentre outros projetos...Esse sonho existe há muito no coração de cada membro da nossa missão, viemos orando há um bom tempo.
E, como nosso Deus é MA.RA.VI.LHO.SO, recebemos essa semana- do chefe do village- um terreno para realizarmos nosso trabalho!!!
O espaço é pequeno para tudo o que queremos, mas já é o começo de tudo o que Deus tem pra fazer!
Recebemos a terra o terreno prometido!!! Agora, mãos a obra!!!
Começaremos imediatamente as construções provisórias, enquanto oramos por mais um pouco de terra, obreiros e recursos financeiros.
Não é animador?! Estou ansiosa por colocar a mão na massa!

Obs. A foto acima não foi escolhida por acaso. Ela foi tirada em outubro do ano passado, em um momento de oração em uma duna de areia onde podíamos enxergar quase todo o vilarejo. Estávamos orando justamente pelo projeto e pela benção que, agora, recebemos!

Com amor (e alegria),

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E somos isso!

Gente,
Há algumas semanas atrás teve um culto ma-ra-vi-lho-so na reunião anual da missão Betânia no Brasil. Nós, aqui do outro lado do oceano, pudemos assistir uma parte e também falar um pouquinho a cerca de nós mesmos e do trabalho que desempenhamos.
Nem preciso expor minha alegria e emoção né?!
Ver cada um dos rostinhos que eu morro de saudades.
Mas, uma coisa sobretudo ficou marcada: a pureza e a verdade, expressas no discurso do Saulo e da Neiva.
Eles são missionários da Jumib no Paraguai e, para mim, são o máximo. Amo demais esses dois, em tudo.
Em um simples "discurso" eles conseguiram expressar tanto do que eu sinto aqui...escolhi algumas partes para colar aqui pra vocês. Vale a pena conferir!
(na foto, os dois...lindos!)


"Estamos  cercados de trabalho missionário, aprendendo que os projetos de igreja, escolas, rádios, hospitais  e toda estrutura física serve para nada menos do que de fachada para a construção de um reino transparente, muito maior, e muito mais importante. Reino que não se importa com o ter, e nem com o fazer, mas existe em nós quando somos.
E somos isso choramos e rimos, o campo é a mistura de lagrimas e canto, sorrisos e prantos.  No coração missionário chorar com os que choram, e ri é um presente. As estruturas estão ai, como a ponta de um iceberg, para que o missionário apresente fisicamente o seu trabalho, e para dar sentido quando tudo perde o rumo dentro dele.  
Missionário QUE É missionário, nem sabe o que faz. Dificilmente compreende o que tem, quanto tem, se é que tem… Para o campo vai, mas vai pensando : Porque não fico na minha terra , entre os meus, que também precisam tanto? Mas ele vai!! Por obediência vai!!"
"...o troféu que se acha na cura da família sem pai, na transformação da menina abusada, nas roupas, sapatos, comidas e copos de água entregues aos famintos."
"Rir é o nosso melhor, e somente chorar fazemos melhor ainda. Nessas horas não temos tempo para pegar a máquina fotográfica, nem animo para filmar, não queremos e nem podemos interromper esse momento.  O intocável momento do qual só a memória tem permissão de registrar. Situações que dificilmente em um culto, em uma igreja iremos compartilhar, pois só entendem aqueles que foram."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sinto tanta falta


Uma pausa nos demais assuntos só pra fazer um desejo:
Passar todos os próximos "Valentine's day" ao lado deste homem lindo e que mesmo longe me faz tão bem.

Vini, obrigada por me ensinar a amar!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Coisas que a gente não explica

Gente, esse não é um post tradicional. Não conto aqui um lindo testemunho, uma aventura engraçada, e nem mesmo compartilho uma profunda meditação. Ainda sem um fim, narro uma experiência que faz parte das nossas rotinas (não necessariamente com os mesmos personagens).

Aqui em Dakar, como é do conhecimento de alguns, divido apartamento com mais uma missionária- Cristina. Os custos em geral são altos: aluguel, luz, telefone, mas nunca tivemos muita despesa com água. Nossas contas de água iam de R$ 2,00 a R$ 40,00- vocês já entenderão o porquê deste dado.
Há dois meses minha colega foi para o Brasil, e, por precaução e segurança eu saí do apartamento, e fui morar em um quarto junto a churrascaria até que eu tivesse alguma companhia. O bairro não é o que podemos chamar de "seguro" para uma menina (branca) e sozinha.
No início desta semana (dois meses após) fui até nossa casa para buscar as faturas e checar se estava tudo bem. Para minha surpresa (e indignação) a conta de água estava no valor de R$ 300,00. Ninguém havia ido ao apartamento durante todo esse período. Entrei rápido no apartamento, mas estavam todos os registros extremamente fechados.
Fui até a companhia de água (SDE) e relatei o que havia acontecido, mostrei-lhes as faturas antigas (de quando eu realmente usava a água) e pedi que o caso fosse revisto. O senhor que me ouvia riu (de forma debochada) e disse: "Bem vinda ao Senegal, tubab (palavra que designa os estrangeiros)!". Não consegui decifrar o que eu senti no momento, só sei que fiquei sem reação.
Procurei então, outros meios. Fui até a sede principal da companhia. Eles me ouviram e pediram que eu retornasse em dois dias (inclua nesse parágrafo longas caminhadas e horas de espera).
Dois dias depois, retorno. Confesso que estava bem esperançosa- afinal, eu só queria justiça. Esperei, esperei, esperei...e, quando finalmente fui atendida, a resposta foi a de que aquela fatura era mesmo verdadeira. Como? Não sei. Tentei argumentar, explicar e “re-explicar”, mas sem sucesso.
Novamente eu não decifrei o que senti (e isso é comum acontecer comigo aqui no Senegal, muitos sentimentos desconhecidos), só sei que eu comecei a chorar. Chorei compulsivamente, nada me fazia parar. Na minha mente passava um filme com todas as situações em que eu enfrentava neste país tão distante. O que, afinal, eu estava fazendo ali? -Ninguém entenderia se eu contasse. Se eu fosse colocar no papel, o “saldo” do meu tempo aqui somariam muito mais imprevistos e frustrações do que grandes realizações e acertos. Por que então?
Saindo do mundo dos meus pensamentos e voltando ao momento em que eu chorava em frente aos funcionários da SDE, uma senhora muito gentil tentava me ajudar como podia. Disse que iria parcelar aquele valor (o que facilitaria o pagamento, mas continuava sendo difícil e injusto) e que enviaria um encanador pra verificar se havia algum vazamento interno. Ela dizia também, constantemente, para eu parar de chorar- mas eu não conseguia. Nem parar de chorar, nem explicar o porquê das lágrimas.
Foi então, que ela me perguntou se eu acreditava em Deus. Vocês podem imaginar o impacto dessa pergunta para mim naquele momento? Respondi que sim, que justamente por crer em Deus e crer que Ele amava os senegaleses foi que eu deixei tudo no Brasil e estava lá, naquele momento com ela. Ela me abraçou e choramos juntas. Eu cristã, ela muçulmana.
Agora éramos duas a chorar. Ela me levou pelas salas da empresa e me apresentou a todos. Contava a eles que eu estava aqui porque amava a Deus. Após o “tur” de lágrimas, me despedi dela e vim para casa.
A questão da conta não foi resolvida (apesar de amenizada por suaves parcelas), ainda não encontrei justificativas pra todo aquele choro, não sei também o que aquilo significou para os funcionários da empresa (que- em cadeia- foram unindo-se a nós em lágrimas), mas a resposta àquela pergunta eu sei com convicção: EU CREIO EM DEUS! Entendi que isso bastava.

domingo, 30 de janeiro de 2011

"Aventurinha"


Faz tempo que não conto nada muito cotidiano. Pois é, a “aventura” de hoje PRECISA ser narrada. A proposta foi aproveitar o domingo e ir ao Lago Rosa- ponto turístico do Senegal, que até então eu só conhecia de longe.
O combinado era passarem aqui em casa pra me buscarem as 8:30. Quase 9:30 eles chegaram. Isso é beeem típico daqui, quem reclama(va) do Brasil (tipo eu) precisa mesmo passar por essas e ver que o brasileiro nem tem taaanto problema assim com horários!
Outro detalhe é que eles levam turismo e/ou passeio com amigos tão a sério que um deles veio de terno, gravata e sapato social (para irmos a um lago. Ãh?!)
Pegamos o primeiro “Ndiagandiay” (não é assim que se escreve e eu não faço idéia de como seja, mas, é assim que se lê!). O segundo (quase uma hora). Parada em Pekini (tbm não é assim, e todos os demais nomes que eu citar desconsidere a escrita!). Mais um, mas dessa vez era um ônibus. Outra parada, e, outro “Ndiagandiay”. Descendo deste último, tomamos um Kalandoo (já contei dos kalandoos em um outro post) e, enfim, chegamos ao Lac Rose. Isso já era uma da tarde.
Passeamos pelo lago (que nesta época do ano e clima ele não está rosa), pelo deserto, deserto e deserto e de volta ao lago! É claro que eu não perderia a oportunidade néééé?! Entrei nessa maravilha salinizada! Kkkkkk Ameeei! Pensei que eu fosse ficar cega quando a água passou perto do meu olho, mas amei todo o restante! A gente “bóia” de qualquer jeito, até de bruço! Fica na água “em pé” mesmo sem encostar no fundo e não precisa fazer a menor força pra não afundar (juro que quando me falavam eu achava que era um pouco “forçar a barra”)- é incrível!
Já ouvi dizer que o lago rosa tem maior quantidade de sal que o mar morto. Se é verdade não sei, mas que lá poderia se chamar “lago morto” isso sim! Não existe nenhuma forma de vida que resista àquele sal todo (meus cabelos que o digam! Kkkk).
Depois, uma “duchinha” de balde (com uma água bem fedidinha) pra tirar o excesso de sal para então, um típico almoço senegalês. Olha o Cebujen de novo aí gente! Não vou falar muito do almoço pra não precisar falar das condições do local! Kkk
Com a “pança” cheia, fomos de barquinho ao outro lado do lago, para vermos as salinas e todo o processo de retirada do sal e etc...
Algumas coisinhas me chamaram atenção: o Lago Rosa é o único lugar do mundo (segundo o guia de lá) em que o sal se cristaliza já na água. Os barcos vão e retiram o sal direto, sem precisar retirar a água e tal...Outro detalhe é que o espaço é livre para quem quiser explorar o sal. O governo não exige nada nem cobra qualquer tipo de taxa (por isso, eles se organizam entre eles e cada um coloca seu “número” em “sua montanha” de sal).
Para voltarmos, tudo parecia tranqüilo:
 Kalandoo- OK
1º “Ndiagandiay"- Ok!? Nãoooo, no meio de um “nada” ele estraga. O motorista foi consertar e nós esperamos dentro do mesmo. Como eu estava muito cansada e bem ansiosa por chegar em casa, fiquei olhando no relógio de tempo em tempo- o que contribuiu pra contar essa história!
19:24- O carro quebrou.
20:00- (mais de 30 min. depois!) Sem concerto, todos descem do mesmo. Este horário marca também a nossa peregrinação. Isso mesmo! Começamos a caminhar naquele deserto todo, apenas com a lanterinha do meu celular, em busca de uma salvação- digo, solução!
20:30- Ainda estávamos caminhando, sem a menor noção de nada. Não dá pra contar aqui quantas vezes eu quase cai em crateras, chutei pedras e etc...Sem contar que eu nunca desejei tanto na minha vida ser um camelo e guardar dentro de mim água o suficiente pra toda uma jornada! Eu estava seca, completamente, e não encontrava em mim nem mesmo saliva!
20:45- Achamos um pedacinho de “civilização”! Mas, os ônibus já haviam parado de funcionar (sério! Kkkkk) Conseguimos então, pegar outro Kalandoo.
Após o Kalandoo pegamos um taxi e, as 22:20 eu cheguei em casa sã, salva, suja,  sedenta e faminta! “C’est la vie!”

beijocas e até próxima aventura!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cuide (ainda) mais um pouquinho



“Um homem plantou uma figueira em seu pomar, e veio muitas vezes ver se podia achar algum fruto nela, porém nunca achava nada. Finalmente ele disse ao chacareiro que cortasse a árvore. ‘Já esperei três anos e não apareceu um único figo!’ disse ele. ‘Por que me incomodar mais com ela? Pois está ocupando o lugar que podemos usar para outra coisa’.
’Dê-lhe mais uma oportunidade’, respondeu o chacareiro. ‘ Deixe-a mais um ano, e eu darei atenção especial a ela; colocando bastante adubo em redor. Se conseguirmos figos no próximo ano, muito bem, se não, eu a cortarei”. Lc 13-8

Essa parábola me chamou muita atenção hoje. Não sei, de verdade, como teria sido o fim dessa história. Jesus parou por aí. Pra tentar entender, me coloquei no lugar de ambos (o homem e o chacareiro) e, de verdade, me encaixei perfeitamente na posição daquele que, depois de um tempo, preferiria cortar a árvore.

Ainda não sei qual dos dois estava com a razão. Desculpem-me os mais sábios e/ou estudiosos, mas acho que sou um pouco como os discípulos: não sei se entendi muito bem o que, naquele contexto, Jesus queria dizer com aquilo. Mas, sei perfeitamente o que- hoje- Ele está me dizendo: persevere!

Àquilo que você começou, àqueles em quem você plantou uma sementinha: CUIDE mais um pouquinho. Dedique-se. Dê-lhe mais uma oportunidade, quem sabe em mais um pouco de tempo, com um pouco mais atenção, você possa saborear os frutos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tarefas cansativas


Eu queria que, na prática, o trabalho missionário fosse tão lindo quanto na mente da maioria das pessoas. É claro, se olharmos pela perspectiva dos resultados, ele não deixa de ser. No entanto, o dia a dia é recheado de trabalhos desgastantes, cansativos e sem grandes emoções. Nossas tarefas diárias geralmente são serviços que não tem quase nada a ver com o nosso ideal (ooooh!). São tarefas humildes e pouco agradáveis. É preciso perseverança, esperança, força e determinação.
O “ministério” de Jesus não foi diferente. Consistia, também, na execução de tarefas “enfadonhas”. Lavar os pés dos discípulos é um exemplo disto- um trabalho desprezado- e Ele nos diz para fazermos o mesmo. Foi isso o que Jesus nos deixou: uma toalha e uma bacia. A tarefa em si é humilde, mas as lições aprendidas com ela são de um valor inestimável.
Estou certa de que não sou a única que chego ao final do dia com a sensação de não ter feito nada de “efeito”, nada de “eterno”. Mas, lembramo-nos do plantio, do tempo da semente e sigamos assim: semeando e chorando, mas com a certeza de que voltaremos com alegria, trazendo os nossos feixes.

“Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes.” Sl 126.6


sábado, 15 de janeiro de 2011

Caminhando ao Salvador


Faz tempo que queria contar uma história super interessante, mas sempre ia proscrastinando. Talvez porque a história ainda não tivesse chegado ao fim...

Nesse natal recebemos a visita de duas pessoas muito diferentes em nosso culto: o que se chama aqui de Mbay Fall (Pai Fall) uma confraria do Islã, discípulos do Pai Fall. São diferenciados em tudo, maneira de vestir, amuletos. Não praticam os ritos de orações e jejum dos muçulmanos e vivem "sem lei" e sem regras, mesmo as religiosas, pois são considerados como que "separados". Isso é que se vê com os olhos naturais, mas não o que sentimos quando somos confrontados com eles nas ruas. Um povo rejeitado, evitado.
Um deles é pai de um dos rapazes, ex- menino de rua. Ele foi um dos primeiros cristão nos anos 80, mas abandonou a Igreja pela perseguição que sofreu. A esposa o abandonou com os filhos, e ele voltou para a escola corânica onde, segundo ele, seria um refúgio. Ninguém o perseguiria alí. Levou sua Bíblia e toda noite lia para todos os seus colegas. Ele diz que se tornar um Mbay Fall foi a forma que teve de não praticar os ritos do islã, e ainda assim não morrer. Orem por ele. Um dia podemos falar mais de sua história.
Eu estava profundamente emocionada (e surpresa, confesso!) com aquela cena. Primeiro por ter visto a alegria do menino ao encontrar seu pai depois de tantos anos. Sua mãe o abandou para que não tivessem contato com o cristianismo, mas depois de todas as "voltas da vida" ele também conhece a Jesus e, como uma dádiva, reencontra seu pai.
Hoje, janeiro de 2011. O outro Mbay Fall que veio ao culto junto ao seu "companheiro", que nunca tinha ouvido o Evangelho, nos procurou para contar que depois daquele dia ele sonhou com a mão de Jesus cravada na cruz, viu os pregos e o sangue de Jesus vertendo.
Durante alguns dias ele ficou pensando no que ouviu, na oração, e no sonho que teve, e hoje perguntou ao Bruno: Como posso seguir a Jesus? Os dois caminharam até o Salvador e ele entregou sua vida a Jesus.
Regozigem-se conosco! Deus está revelando, formando seu Filho nesse povo, para que estejam diante do Trono louvando o nosso Rei do reis e Senhor dos senhores.

Toda glória e honra ao nosso todo poderoso e muito amoroso Salvador de todas as nações!

Obs1: Esse post é uma "parceria" com a Sirlene (colega de ministério). Ela havia escrito a respeito e eu apenas "adaptei"- acrescentando alguns sentimentos e pontos de vista.
Obs2: Na foto, o cara em pé é o pai do menino, no qual eu falei. O Mbay Fall ao lado é o que sonhou com Jesus.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Nas águas


Sei que estou em débito com vocês. Mas, graças a Deus, tivemos muito trabalho neste final e início de ano. O ano de 2010 se foi com gostinho de vitórias pra mim, e 2011 já entrou lançando seus desafios e expectativas.

Já começamos o ano com uma linda celebração entre a igreja de Dakar (com a qual tenho participado mais ativamente) e a igreja de Thiés (cidade próxima)- que é parte de nosso ministério aqui. Passamos o dia juntos, realizamos alguns batismos, festejamos, comemos, cultuamos, e ceamos. Foi uma experiência incrível para mim.

Enquanto olhava (e fotografava, claro!) o batismo- e era dia 2 de janeiro- fiquei a pensar: somos realmente loucos! Tá certo que essa “tradição” não é comum aqui no Senegal, mas há um dia atrás muitos estavam- vestidos de branco- pulando ondinhas na praia, e hoje, nós estamos aqui “mergulhando” nestas ondas.

Além de todo o significado do batismo, e de toda a dificuldade espiritual e cultural do país- que já tornam este momento emocionante- a água foi o elemento que mais me chamou a atenção. Na Bíblia a água aparece como símbolo do Espírito Santo: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Ele falava isso se referindo ao Espírito Santo, que mais tarde receberiam os que Nele cressem".Jo 7.38-39

Fiquei, ainda, por alguns dias encontrando diversos textos e meditando nesta preciosidade que é estarmos imbuídos no Espírito de Deus. Desfrutando deste refrigério. Saciando a minha alma e vendo todo o efeito que esses rios podem e devem fazer a medida que fluímos neles e deixamos com que eles fluam através de nós.

Para completar, no final desta semana estive enferma (provavelmente intoxicação alimentar), o que gerou em mim a tal desidratação. A falta de água em nosso corpo redunda no mal funcionamento de nossos órgãos, enfraquece, debilita, somatiza dores...(essa definitivamente não é minha área, então, cito apenas o que vivenciei). Da mesma forma, a falta da água viva em nossa alma nos torna débeis e fracos. Somatiza dores físicas e emocionais, sentimentos contrários...

Escolhamos viver imersos, envolvidos pela vida. Pela água viva. Bebamos. Fluamos.

“mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".João 4:14