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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Renovação


Ontem à tarde, enquanto fazia uma caminhada pela "Corniche"- uma importante avenida aqui- eu pensava em quanta coisa tenho passado. Vivi e revivi cada uma das minhas dificuldades (talvez, pensando em possíveis soluções, talvez).

Foi então que, próximo a mim, um grande pássaro levantou vôo. Quem me conhece melhor deve estar imaginando o meu grito de medo, não é?! (isso porque eu morro de medo de todo o tipo de ave, confesso!) Mas, dessa vez foi diferente. O grito foi dentro de mim. Não de medo, mas clamor.

Lembrei imediatamente: "Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias" Is 40.31. Digo "imediatamente" porque este versículo tem sido muito lembrado, orado, decorado, repetido e invocado por mim nestes últimos dias. Tenho esperado no Senhor.

Mas, ontem, um detalhe fez toda a diferença: "...como águias". Acredito que a maioria de vocês sabe a cerca do processo de "renovo" das águias. Quando ela chega a certa idade, precisa se isolar. Vai até um local em que ela não necessite nem ao menos voar. E, em um doloroso processo, a águia perde seu bico, suas unhas, suas penas...para então, "refeita" por completo, experimentar o famoso "vôo da renovação" e viver outros longos anos.

É isso que o Senhor está fazendo! Tudo o que eu carrego como experiência, todos os "dons" que eu acreditei serem imprescindíveis aqui, tudo o que eu considerava como habilidade ou virtude, parecem pouco relevantes ou, quando necessários, são impossibilitados por outros fatores- ainda maiores. Na verdade, tudo parece tão maior, tão distante. É o alto, o bico, as penas...

Enquanto eu orava pedindo o renovo do Senhor, crendo que o processo era instantâneo, Ele me mostrou que o "renovar" já tem acontecido. Aguardo então- com alegria, apesar da dor- pelos melhores vôos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O brilho de uma lágrima


Eu sei, pode parecer sem sentido pra vocês, mas essa imagem me roubou algumas lágrimas. Não de tristeza, pelo contrário, é o júbilo da colheita!
Quando, no meio do culto, percebo os meninos concentrados lendo e escrevendo, não contive a emoção. O motivo é simples: a maioria deles quando chegou até nós não sabia ler nem escrever.
Isso é fruto do amor e graça de Deus, que os alcançou e lhes deu novos sonhos, novas (ou reais) perspectivas...

sábado, 27 de novembro de 2010

Que cheiro é esse?


Vocês já repararam a nossa reação diante de cheiros desagradáveis?
Estava pensando nisso esses dias enquanto passava em frente a um "canal" aqui. Lá são sempre jogados todos os tipos lixo, restos de animais e etc...Como eu queria poder evitar aquilo! Queria conhecer um caminho alternativo (pois passo todos os dias, mais de uma vez)! Mesmo que eu precisasse caminhar mais, ainda assim valeria a pena.
Não lembro de estar muito reflexiva nestes últimos dias (até porque a correria me impede um pouquinho desses devaneios), mas comparei minha reação quanto aquele mal cheiro com a minha forma de agir diante de algumas pessoas e/ou circunstâncias.
É isso! É disso que Paulo estava falando (pelo menos na minha teoria)! . Há pessoas que nos intoxicam com um terrível cheiro de morte. Incluo aqui, principalmente, os religiosos e legalistas com intermináveis discursos, fétida soberba e nenhuma coerência com a graça. Talvez seja por isso que Jesus pegava tanto no pé dos escribas e fariseus- gente que fede (mais uma teoria minha).
Mas, há aqueles que exalam cheiro de vida, o BOM perfume de Cristo. Que coisa agradável! Cheirinhos de frutos: amor, alegria, paz, longaminidade, bondade, fidelidade, mansidão... A reação é absolutamente oposta. O bom cheiro nos atrai, nos faz lembrar, faz sonhar! Fiz, rápida e mentalmente, uma listinha de pessoas que eu incluiria aqui. Mas, antes de concluir, fui convidada (por mim mesma!) a olhar para mim- ou melhor- "cheirar" a mim. O que eu tenho exalado?

"porque para Deus somos o bom perfume de Cristo..." 2 cor.2-15

(termino por aqui).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Razões (a mais) para louvar

Durantes os últimos dias estivemos fechando alguns relatórios, documentos e papéis mais burocráticos. Além da terrível enxaqueca, tudo isso me fez ver a grandeza do trabalho ao qual estamos inseridos e o quanto o Senhor tem agido em nosso meio.
O trabalho com meninos em situação de risco (primeira fase) recebe diariamente em média de 30 meninos. Esses meninos recebem banho, roupa limpa, alimentação, cuidados médicos, se divertem, assistem filme e aprendem mais sobre o amor de Deus e a salvação em Jesus. Somente no mês de setembo recebemos 80 meninos diferentes (estou ansiosa por concluir a contagem e saber quantos já estiveram conosco durante todo este ano!). Lembrando que o Samba, líder desta etapa, começou como um desses meninos e hoje, com sua vida restaurada, quer fazer por estas crianças o que um dia fizeram por ele.

Trabalho com meninos em situação de risco

Mais 3 meninos, que frequentavam a primeira fase, já foram retirados das ruas, receberam emprego e estão sendo discipulados.
A igreja (que funciona na mesma casa em que, durante a semana, os meninos são acolhidos) também tem dado os seus frutos. A liderança é composta por alguns dos "meninos" (hoje homens!) frutos do trabalho com meninos de rua.
Já temos uma igreja em Thiés (cidade próxima a Dakar), que completou 3 anos neste último mês, com uma linda festa e muitos testemunhos. Também estamos implantando outra em um village próximo ao Lago Rosa. O trabalho do Lago Rosa é liderado por Juliesbertina, uma senegalesa. Lá também temos um projeto específico com mulheres e uma escolinha de alfabetização para as crianças do village.

Crianças se apresentando na igreja de Thiés.

O ministério de desenvolvimento social e captação de recursos- Churrascaria Brasil- emprega, atualmente, 16 rapazes (todos frutos dos trabalhos citados acima). Este ministério conclui, ao mesmo tempo que reinícia o ciclo dessa missão. Pois, enquanto tem servido de apoio social aos rapazes e demais membros da igreja, a Churrascaria Brasil também sustenta os trabalhos acima (ministério com meninos em situação de risco, igreja de Dakar, Thiés e Lago Rosa, obreiros senegaleses envolvidos nestes ministérios, projeto com as mulheres no Lago Rosa e escolinha infantil também no Lago Rosa).

Meninos esperando os clientes chegarem

Diante de tudo isso, convido-os a louvarem ao Senhor por cada um de seus feitos e por nos permitir ser parte do plano Dele para a redenção desta nação.

"Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios." Sl 103.2




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O "Grande dia"

O primeiro Tabaski a gente nunca esquece! Fiz questão de relatar com o máximo de detalhes pra vocês...
E a festa começou cedo! Ou melhor, tarde, bem tarde. Ontem a noite já saíram dois ônibus aqui da vizinhança. Na bagagem não poderia faltar o cordeiro, o carvão, as bacias e uma boa faca! Provavelmente foram passar o Tabaski com os parentes no interior- quanta alegria!

E hoje pela manhã, a clássica cena:

Homens bem arrumados, carregando seus tapetes para oração se dirigem à mesquita

As mulheres preparam a brasa, providenciam as bacias e aguardam anciosas o retorno do esposo (quem não parece tão ansioso assim é o cordeirinho ali ao lado...)


Já as crianças, aproveitam pra se divertirem. Reparem o "colar" (grigri) do cordeiro, é tipo um amuleto de sorte, pra que o animal não morra antes da hora.
Pronto! Homens de volta e já afiando as facas!

O primeiro já se foi, que venha o próximo!


Outros vizinhos, outro animal


As crianças amando!


Tirando o couro

O sangue fica em um "buraco" na frente da casa, como que enterrado. Depois, o local é limpo (pelos mais caprichosos, claro...)

"Restos" do cordeiro (fico só devendo pra vocês as fotos dos montes enormes de couro em algumas esquinas).


E, pra fechar bem o dia, quando anoitece as crianças e mulheres se produzem muito e saem pelas casas para pedir dinheiro

Pra não estender muito mais, na próxima eu conto como foi o nosso tabaski- afinal, aproveitamos o feriado e nos reunimos com os meninos do projeto para um almoço bem descontraído e cheio de gratidão a Deus!




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tabaski (antes)




Estamos na época em que os muçulmanos celebram o dia em que Deus proveu o sacrifício a Abraão, quando ele sacrificaria seu próprio filho "Ismael". O tabaski, como é chamado, é um momento em que as famílias e amigos se reúnem e sacrificam também, cada uma, seu próprio animal.
O clima do país muda completamente!
Cordeiros- mutons- por todas as partes, literalmente! Inclusive já vi vários até mesmo "andando" de taxi, no banco traseiro. Com isso, já é de se imaginar que o cheiro da cidade (lembrando do calor que faz aqui) seja um pouco "diferente" também, né?! Em frente a cada casa e/ou estabelecimento- um animal esperando "sua hora".
O valor dos cordeiros é, em média, 150.000,00 Fca- que equivale a algo em torno de R$ 450,00. Porém, existe ainda uma certa "disputa" pelo melhor animal, o mais caro...afinal, quanto melhor o animal, mais bem aceito e maiores as bençãos! Ouvimos na rádio de um cara que comprou um "muton" por 1.200.000,00 fca (isso mesmo! Um milhão e duzentos mil!), três mil e seiscentos reais, aproximadamente. Isso porque estamos falando de um país muito pobre! Por causa disso também são comuns roubos e outras formas de violência. Afinal, o sacrifício é necessário mesmo que não se tenha condições comprar o animal.
Assim como o natal para nós brasileiros, o tabaski se tornou uma data muito importante comercialmente. Afinal, todos querem vestir as melhores- e mais novas- roupas, fazer um novo penteado no cabelo, maquiagem e vários "eteceteras". Nesta época todas as mercadorias são superfaturadas. Os preços sobem em proporções enormes. Mas, ainda assim, o tumulto é geral, as lojas são cheias e os mercados também, sem falar nas costureiras (aqui o mais comum ainda é mandar fazer a roupa).
Uma pena é que aqui é muito difícil de conseguir fotografar. Ainda mais que eu sou "tubab", eles reclamam e até partem para agressão, então, seguem algumas das que eu consegui meio "as escondidas":

Todo lugar é lugar. A cidade se torna um grande "mercado de cordeiros"

Ônibus "comum" parando para que seus passageiros comprem e "acomodem" seus animais na parte superior

Mais um "ponto de venda"

ônibus carregando animais e alimento para os mesmos

A rua da minha casa não poderia ficar de fora

Esse viaja mais "tranquilo", com mais espaço

Não vou finalizar esta postagem, afinal, ela continua na quarta!
Abraços

sábado, 6 de novembro de 2010

Pensando na vida, cumprindo a missão


Há uns dias atrás, um amigo me pediu para falar sobre missão de vida. Fiquei pensando em como respondê-lo sendo o mais verdadeira e menos teórica possível, afinal, de teorias e definições para "missão de vida" a internet está cheia. Não queria ser apenas mais um número, até porque não sou tão boa assim em palavras e nessa eu sairia perdendo.
Mas, arrisquei rascunhar minha opinião, levando em conta a inenarrável alegria de sentir-me alinhada ao que eu acredito ser a minha missão de vida (isso não significa que eu esteja perto de concluí-la).
Como estudante de Marketing que fui, aprendi que a Missão tem a ver com o que nos propomos a fazer e a quem. E, para mim, esta é a chave: PARA QUEM.
Trabalhar com meninos em áreas de risco é honrável. Servir de ferramenta para reinserí-los na sociedade também. Mas, não seriam o bastante para me fazer sair de casa, deixar o conforto, renunciar minha cultura, idioma, estilo de vida, comida, e váááárias outras coisas (até porque necessidades existem em todos os lugares). Mas, fazer a vontade Daquele a quem eu amo e que me ama acima de todas as coisas, isso sim me traz convicção, motivação e todos os "ãos" necessários para a formação desse ideal, dessa missão.

Ele me perguntou também sobre "minha bagagem". Voltando ao Brasil, o que eu levaria em minha mochila. Pergunta um tanto quanto difícil né?! Mas, a resposta tem ficado a cada dia mais clara pra mim!

De tudo o que tenho visto, ouvido e sentido aqui, é difícil escolher algumas coisas pra carregar comigo. Por ser branca e ser mulher, sou bem descriminada. Recebo normalmente um tratamento hostil ou "explorador" (salvo lindas e louváveis exceções). Com isso tenho aprendido demais o sentido de amar incondicionalmente. E é dessa bagagem que eu não pretendo abrir mão. Mesmo que eles não reconheçam. Mesmo que eles não "respondam" positivamente a todos os meus esforços. Eu faria tudo novamente. Na verdade, eu faria muito mais, se assim pudesse.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Suficientemente crianças


Se tivesse que, em uma palavra, descrever minha impressão a cerca do Senegal e dos trabalhos que desenvolvemos diria: Necessidade! E, quanta necessidade! Diante disso, tenho (com muita freqüência) o sentimento de incapacidade e impotência. Há tanto para ser feito! Tantas “urgências” que eu me vejo sem idéias, sem saber o que fazer. Quando sei o que fazer, sou impedida pelas condições financeiras. Quando tenho os dois, faltam “trabalhadores”. Quando há estes, sou surpreendida por alguma barreira cultural e, novamente me vejo sem idéias, sem saber o que fazer. Quando sei o que fazer... E, assim sucessiva e (quase que) constantemente!

Hoje, em um maravilhoso tempo de desabafos, consolo e refrigério (desabafos por minha conta. Consolo e refrigério da parte Daquele que é amor) meditei em uma palavra que me fez lembrar o meu papel, que não é resolver os problemas que (sempre) insistem em aparecer. O meu papel, Naquele que me chamou, é- como uma criança- confiar.

“O grande problema do trabalho missionário é que o chamado de Deus seja ofuscado pelos problemas das pessoas a ponto de a compaixão humana se sobrepor totalmente ao fato de termos sido enviados por Jesus. Os problemas são tão tremendos, as condições nos deixam tão perplexos, que todas as nossas idéias vacilam e falham” (Tudo para Ele, 26/10). Nossa compaixão deve ser fruto de um coração sensível ao Espírito Santo, e nosso trabalho deve ser o resultado de uma vida de devoção e obediência à voz Daquele que mais amou a humanidade - a ponto de entregar Seu único filho por ela.

Quando me maravilho com os projetos, trabalhos, milagres, prodígios e maravilhas realizados no passado, percebo que não posso creditar nada à sabedoria ou capacidade humana, pois sempre que tentaram agir sozinhos vacilaram. Devo atribuir tudo à orientação divina, através de pessoas humildes que foram suficientemente crianças para confiar na sabedoria de Deus.

Sejamos assim: suficientemente crianças.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Diário de uma sexta-feira (parte 2)


Confesso que estou bem cansada, mas eu não podia adiar mais uma vez o tão prometido post acerca dos Talibes. Na verdade, este post não é sobre eles de fato, mas sobre uma prática adotada por eles e que é mais uma das "peculiaridades" da tal sexta-feira em Dakar.
Como eu já comentei aqui, e aqui, os Talibes (meninos "discípulos" dos Marabús) precisam passar o dia nas ruas pedindo dinheiro (que depois será entregue aos seus líderes.
Aí, há um tempo atrás, os meninos resolveram fazer greve (kkkkk pedir esmola já é profissão né?!). Isso mesmo: G.R.E.V.E!
Eles estavam achando que as doações eram muito baixas e, simplesmente, pararam de aceitar doações abaixo de um tal valor. Como as crenças da maior parte do povo aqui determina que eles devem dar esmolas para que recebam recompensas futuras e não castigos, o povo precisava aumentar o valor "ofertado".
Imaginem a cena:
"-Me dá dinheiro?"
"-Sim , pega aqui!"
"-Não, não isso é pouco. Estou de greve, isso eu não aceito. Obrigado"
"-Desculpe menino, com mais esse tanto (já abrindo a carteira) você aceita? Por favor!"

Claro que para nós, brasileiros, a cena é até engraçada né?! Greve dos "arrecadadores de esmola"! Mas, se pensarmos que todos estes -os que estão lucrando por trás desses meninos, os meninos, os pais que os entregaram a estes marabús e os "contribuintes"- são subjulgados, e escravizados por uma falsa-verdade e uma cultura opressora, nossa reação será outra.
Assim como no post anterior, os convido a refletir no que está por trás de tudo isso.

Oremos, mais uma vez, por esta nação.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Agora é que são elas!

No último post falei muito a respeito dos meninos (que já estão se tornando homens!). Neste, nada mais justo do que contar um pouquinho a cerca das mulheres (até porque assim, a oração daqueles que aceitaram o convite anterior pode ser mais específica!)
É realmente muito difícil ser mulher em um país como este. Tudo bem que existem alguns raros privilégios, mas sem dúvidas eles não compensam os sacrifícios.
Nós (incluindo as estrangeiras e, principalmente as estrangeiras- pois as ocidentais são vistas de uma forma generalizada e não muito "louvável") somos repletas de "deveres" e temos pouquíssimos direitos. O direito de ser respeitada, por exemplo, ficou fora de nossa pequena lista.
Encontrar respeito da parte dos homens é muito raro. Salvo exceções (que são realmente de desconfiar).
Encontrar estratégias, que sejam eficazes, para trabalhar com essas mulheres não é tão simples assim. Elas são responsáveis por quase todo o trabalho, além de cuidar dos filhos. Carregam todo o peso sob suas cabeças enquanto trazem seus bebês nas costas.
Essa semana conheci uma missionária linda, com um trabalho lindo entre mulheres em um village (não citarei seu nome pois esqueci de pedir autorização, quem sabe numa próxima eu revele! Afinal, sonhamos em fazer algumas coisinhas juntas- aí aproveito pra descrever melhor o trabalho dela, pois é tão completo que eu se eu citar aqui esse post vai ficar imeeeeeenso).
Ela me contou de uma moça desse mesmo village que, dias atrás, ligou desesperada: seu pai havia combinado o seu casamento e ela disse que não queria se casar com o tal "prometido". Devido a isso, ela foi espancada pelos pais e irmãos.
Essa é apenas a história mais recente que eu ouvi, mas como essa existem muitas.
Sei que Deus se entristece muito com isso (e nós também não podemos ficar indiferentes). Afinal, Seu único filho foi entregue pra morrer por nós, pela nossa liberdade, e inúmeras pessoas ainda são mantidas sob jugos e prisões.
Não questiono aqui a cultura do povo, mas o que está por trás de tudo isto.

Que o amor do Pai se revele a essas mulheres!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um sonho possível

Que alegria!
Neste domingo recebemos, aqui em casa, os jovens que trabalham conosco (e que nós trabalhamos com eles, afinal, não sei quem acaba recebendo mais com tudo isso!).
A maior parte deles foi entregue, quando ainda crianças pequenas, a um "marabú" (espécie de líder espiritual) e passou a viver nas ruas pedindo esmolas e alimento. A quantia arrecadada deveria ser repassada ao tal marabú, caso contrário, eles recebiam severos castigos.
Era nessas condições que eles chegavam (e muitos ainda chegam, graças a Deus o trabalho continua!) em nossa "casa de acolha" em busca de novas roupas, alimentos, medicamentos, mas sobretudo de carinho e amor! E que amor que encontravam! O amor de um pai que os ama sobremaneira! Enquanto a crença que lhes ensinaram dizia que eles não eram nada, não mereciam nada e continuariam sendo assim, o Pai os chamou pelo nome e lhes disse: "Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro" Jr 29.11

Ontem, com suas vidas transformadas, amigos, carinho, alimentos e um trabalho digno (e espero ansiosa por escrever contando com mais detalhes esta etapa) muitos puderam compartilhar seus sonhos e esperanças (depois de assistirmos um belo filme e comermos muita pipoca!).

Nosso trabalho atinge quase que em totalidade aos homens (devido a cultura e crenças locais).
Peço (àqueles que partilham da mesma fé que eu) que roguem a Deus para que nos dê estratégias para alcançar também as mulheres.
Esses homens merecem constituírem uma família feliz, né!? Vamos em buscas das "Rebecas"!

Abraços,

sábado, 16 de outubro de 2010

Venha e beba!


Por onde olho ao meu redor, tenho visto “desertos” (inclusive literalmente falando, haja vista a localização do Senegal!). A cultura, o idioma, até mesmo as necessidades deste país me fazem sentir absolutamente impotente, sem saber onde e como agir- como em um deserto. A saudade da família, dos amigos, do namorado, da rotina...

São tantas as pressões e os fatores circunstanciais que, sem que percebamos, nos “secam” fazendo aparecerem “desertos” ao nosso redor. Muitas vezes essas coisas nos sugam tanto, que chegam a sugar até mesmo nossa intimidade com o Pai.

Mas são nesses momentos que podemos ouvir o Espírito Santo de Deus nos convidar a bebermos Dele: “Se alguém está com sede, venha a mim e beba. Porque as escrituras declaram que rios de água viva correrão do íntimo de todo aquele que crer em mim” Jo 7. 37-38.

Se você, assim como eu, já experimentou essa sensação de “seca”, sabe o quão atrativo é este convite. Saber que, por mais que o sol esteja forte, a areia quente e o momento difícil, podemos nos refrescar e renovar Naquele que habita em nós.

Bebamos abundantemente da água que o pai nos oferece!

Deixemos, também, que o fluir destas águas inundem e abundem os desertos que- vez ou outra- precisamos atravessar.

O segredo é atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no interior da sua alma.”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Onde não tem caminho

"Deus abre caminho, onde não tem caminho!"

Essa frase é parte de uma música que eu ouvi muito estes últimos dias e que tem falado demais ao meu coração. A música é em Crioulo, por isso não me arriscarei escrever, mas prometo que assim que eu conseguir a letra a escreverei aqui!

Tive o privilégio de visitar um village (vilarejo, povoado) próximo ao Lago Rosa- Senegal. Foi uma grande experiência- em muitos aspectos! Espero conseguir transmiti-los um pouquinho de tudo o que eu vivi.

Comigo, a missionária Cristina (muitos conhecem nossa história) e a Juliesbertina. Juli é a responsável pelo trabalho neste village. É impactante ver a dedicação e o empenho dela em realizar esse trabalho. Toda a semana ela sai de Dakar (onde nos auxilia no trabalho com meninos em área de risco) e vai até esse vilarejo no Lago Rosa. Lá, ela abriu uma escola com as crianças (sua filha, Aida, a ajuda). São em torno de 30 crianças. Ela tem também trabalho com as mulheres e o sonho de muitos outros trabalhos.

Para se chegar lá, são precisos vários "jaganjai's", "carrapides" e "Kalandoos" (meios de transportes bem comuns aqui) e muitas horas em uma viagem quente e desconfortável. Depois de tudo, ainda é necessária uma boa caminhada na areia do deserto. Faço questão de falar a respeito disso. Deus precisa levantar mais "Juliesbertinas", que não se deixam levar pelo cansaço e desânimo, mas que rumam ao alvo proposto a elas.
De fato, não "há caminhos" que a levem até lá, mas ainda assim, Deus a tem conduzido!

Ao chegar, é preciso avisar ao "chef" do village. Que- pela graça de Deus- nos recebeu com alegria. Foi ele que, há um tempo atrás, permitiu que fosse realizado o trabalho lá.

Conforme vamos nos aproximando, as crianças começam a "surgir" (é incrível a grande quantidade que chega em "um piscar de olhos"). E, é inevitável o tempo de descontração e brincadeiras com elas. São todas lindas e extremamente carentes. Quando viram que uma "tubab" (que é como são chamados os estrangeiros brancos) estava no village, vieram todas correndo para me cumprimentar e dar as boas-vindas.E que boas!

Depois de muito brincar, contar historinhas, dançar, tirar fotos (elas não paravam de pedir), comer (levamos lanchinho para elas), dançar denovo (eles amam) e tirar mais fotos, fomos até uma montanha- de onde é possível enxergar o village quase que por completo.
Lá eu orei muito por eles. A situação me fez lembrar a música: "De todas as tribos, povos e raças, muitos virão Te louvar. De tantas culturas, línguas e nações, No tempo e no espaço, virão Te adorar. Bendito seja sempre o cordeiro, filho de Deus, raiz de Davi. Bendito seja o Teu santo nome, Cristo Jesus presente aqui." A presença de Deus ali era perceptível naquele momento.
Lembrem-se deles em suas orações também!

Depois de tudo- e já chegada a noite- o culto!

Me senti como em um daqueles livros missiológicos. Em pleno deserto, a luz somente das estrelas (e de um celular, que foi o que permitiu a leitura bíblica, porque tinham acabado as velas), esteira no chão e todos com alegria chegando para ouvirem a cerca do nosso Pai (e isso tbm me faz lembrar a alegria de conhecer mais irmãos, partes da nossa família em Cristo).
O culto não tinha hora para terminar. As crianças que foram pegando no sono eram deitadas por sobre as nossas pernas. Todos muito atentos. Todos mui sedentos.

Quando tudo terminou, arrumamos nosso mosquiteiro por sobre aquela mesma esteira e dormimos. No outro dia, antes de amanhecer já estávamos saindo (e é claro que não mais como chegamos!).


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Diário de uma sexta-feira


Boa tarde!!!

Hoje faz uma semana que eu estou no Senegal e muita coisa já aconteceu desde então!
Louvado seja Deus!

Hoje é sexta-feira, um dia bem especial para a cultura senegalesa. Aqui, na sexta-feira as pessoas saem de casa muito, mas muito arrumadas (principalmente as mulheres e crianças). Parece que todas estão saindo para uma festa!
Neste dia tem uma importante oração islâmica e, como eu contei, as pessoas lavam as mãos e os pés 3 vezes (cada parte). Os homens precisam lavar também o seu órgão reprodutor (se é que me entendem!) antes de urinarem. Nos locais em que não tem água, eles esfregam nos muros, paredes...para "purificar". Um tanto quanto "estranho" para nós né?!
Depois de "purificados", todos se ajoelham em seus "tapetinhos" e oram. Vale lembrar que somente as mulheres que já estão na menopausa podem orar com os homens. Caso contrário, elas precisam estar separadas.
Eu queria tirar algumas fotos, em especial das mulheres e crianças com suas roupas brilhosas, suas perucas (que é bem comum e "moderno" aqui) e assessórios, mas não consegui ainda. Aqui a fotografia gera duas reações: ou eles ficam muito bravos, ou pedem dinheiro...
Mas não desistirei, em breve vocês terão fotos para que as imagens mostrem o que eu tento transformar em palavras.

A foto acima é em meu trajeto para a churrascaria (ministério que eu já expliquei em um dos primeiros posts). Quando eu passo, as crianças ficam na minha volta: "-Bonjour "tubab"...para elas é o máximo receber o "oi" de uma branca. Ainda fico meio sem reação diante dessas coisas, mas oro para que o Senhor me use para Seu testemunho e glória.

Abraços,
Sabrina

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bonjour

Bom dia!
Aí vai uma fotinho da minha padaria. Será difícil vocês me identificarem, afinal, eu me pareço muito com os vizinhos, né?!



De fato, não existe lugar mais agradável que o centro da vontade do Pai. Estou muito feliz!
Louvo ao Senhor pela vida de cada um de vocês, que me acompanham nessa jornada.

Então a nossa boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria. Até nas outras nações se dizia: "O Senhor fez coisas grandiosas por este povo".

Abraços,
Sabrina

sábado, 2 de outubro de 2010

Fotos e Fatos

O dia hoje foi muito agradável.
O calor (quase insuportável) e o fato de ser a folga de alguns membros da missão aqui, levou-nos à praia- ótima, diga-se de passagem- lá, pudemos, além de desfrutar da sombra e água fresca (literalmente) nos conhecemos melhor e conversamos bastante sobre idéias, projetos e etc...
Na praia também pude ver coisas diferentes (e até engraçadas). Uma boa experiência.
Encontrei também outros missionários brasileiros (até pq eram os únicos brancos de toda a praia). Foi um prazer conhecer esses servos de Deus!
Vendedor na praia

Chegando da praia, mais uma "surpresa". A rua da minha casa estava fechada (observem a lona na foto)! Está (neste exato momento) acontecendo uma festa/ritual islamica e animista. O clima é bem tenso, muuuito barulho e muitos gritos (muitos mesmo).
Eles ficam horas e horas dançando e gritando. Parecem estar em transe.
Orem para que o Senhor nos proteja de todo o mal. E orem também para que esse povo possa conhecer a verdade que os libertará de toda essa prisão- que os exige tantos sacrifícios..