Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O brilho de uma lágrima


Eu sei, pode parecer sem sentido pra vocês, mas essa imagem me roubou algumas lágrimas. Não de tristeza, pelo contrário, é o júbilo da colheita!
Quando, no meio do culto, percebo os meninos concentrados lendo e escrevendo, não contive a emoção. O motivo é simples: a maioria deles quando chegou até nós não sabia ler nem escrever.
Isso é fruto do amor e graça de Deus, que os alcançou e lhes deu novos sonhos, novas (ou reais) perspectivas...

sábado, 27 de novembro de 2010

Que cheiro é esse?


Vocês já repararam a nossa reação diante de cheiros desagradáveis?
Estava pensando nisso esses dias enquanto passava em frente a um "canal" aqui. Lá são sempre jogados todos os tipos lixo, restos de animais e etc...Como eu queria poder evitar aquilo! Queria conhecer um caminho alternativo (pois passo todos os dias, mais de uma vez)! Mesmo que eu precisasse caminhar mais, ainda assim valeria a pena.
Não lembro de estar muito reflexiva nestes últimos dias (até porque a correria me impede um pouquinho desses devaneios), mas comparei minha reação quanto aquele mal cheiro com a minha forma de agir diante de algumas pessoas e/ou circunstâncias.
É isso! É disso que Paulo estava falando (pelo menos na minha teoria)! . Há pessoas que nos intoxicam com um terrível cheiro de morte. Incluo aqui, principalmente, os religiosos e legalistas com intermináveis discursos, fétida soberba e nenhuma coerência com a graça. Talvez seja por isso que Jesus pegava tanto no pé dos escribas e fariseus- gente que fede (mais uma teoria minha).
Mas, há aqueles que exalam cheiro de vida, o BOM perfume de Cristo. Que coisa agradável! Cheirinhos de frutos: amor, alegria, paz, longaminidade, bondade, fidelidade, mansidão... A reação é absolutamente oposta. O bom cheiro nos atrai, nos faz lembrar, faz sonhar! Fiz, rápida e mentalmente, uma listinha de pessoas que eu incluiria aqui. Mas, antes de concluir, fui convidada (por mim mesma!) a olhar para mim- ou melhor- "cheirar" a mim. O que eu tenho exalado?

"porque para Deus somos o bom perfume de Cristo..." 2 cor.2-15

(termino por aqui).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Razões (a mais) para louvar

Durantes os últimos dias estivemos fechando alguns relatórios, documentos e papéis mais burocráticos. Além da terrível enxaqueca, tudo isso me fez ver a grandeza do trabalho ao qual estamos inseridos e o quanto o Senhor tem agido em nosso meio.
O trabalho com meninos em situação de risco (primeira fase) recebe diariamente em média de 30 meninos. Esses meninos recebem banho, roupa limpa, alimentação, cuidados médicos, se divertem, assistem filme e aprendem mais sobre o amor de Deus e a salvação em Jesus. Somente no mês de setembo recebemos 80 meninos diferentes (estou ansiosa por concluir a contagem e saber quantos já estiveram conosco durante todo este ano!). Lembrando que o Samba, líder desta etapa, começou como um desses meninos e hoje, com sua vida restaurada, quer fazer por estas crianças o que um dia fizeram por ele.

Trabalho com meninos em situação de risco

Mais 3 meninos, que frequentavam a primeira fase, já foram retirados das ruas, receberam emprego e estão sendo discipulados.
A igreja (que funciona na mesma casa em que, durante a semana, os meninos são acolhidos) também tem dado os seus frutos. A liderança é composta por alguns dos "meninos" (hoje homens!) frutos do trabalho com meninos de rua.
Já temos uma igreja em Thiés (cidade próxima a Dakar), que completou 3 anos neste último mês, com uma linda festa e muitos testemunhos. Também estamos implantando outra em um village próximo ao Lago Rosa. O trabalho do Lago Rosa é liderado por Juliesbertina, uma senegalesa. Lá também temos um projeto específico com mulheres e uma escolinha de alfabetização para as crianças do village.

Crianças se apresentando na igreja de Thiés.

O ministério de desenvolvimento social e captação de recursos- Churrascaria Brasil- emprega, atualmente, 16 rapazes (todos frutos dos trabalhos citados acima). Este ministério conclui, ao mesmo tempo que reinícia o ciclo dessa missão. Pois, enquanto tem servido de apoio social aos rapazes e demais membros da igreja, a Churrascaria Brasil também sustenta os trabalhos acima (ministério com meninos em situação de risco, igreja de Dakar, Thiés e Lago Rosa, obreiros senegaleses envolvidos nestes ministérios, projeto com as mulheres no Lago Rosa e escolinha infantil também no Lago Rosa).

Meninos esperando os clientes chegarem

Diante de tudo isso, convido-os a louvarem ao Senhor por cada um de seus feitos e por nos permitir ser parte do plano Dele para a redenção desta nação.

"Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios." Sl 103.2




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O "Grande dia"

O primeiro Tabaski a gente nunca esquece! Fiz questão de relatar com o máximo de detalhes pra vocês...
E a festa começou cedo! Ou melhor, tarde, bem tarde. Ontem a noite já saíram dois ônibus aqui da vizinhança. Na bagagem não poderia faltar o cordeiro, o carvão, as bacias e uma boa faca! Provavelmente foram passar o Tabaski com os parentes no interior- quanta alegria!

E hoje pela manhã, a clássica cena:

Homens bem arrumados, carregando seus tapetes para oração se dirigem à mesquita

As mulheres preparam a brasa, providenciam as bacias e aguardam anciosas o retorno do esposo (quem não parece tão ansioso assim é o cordeirinho ali ao lado...)


Já as crianças, aproveitam pra se divertirem. Reparem o "colar" (grigri) do cordeiro, é tipo um amuleto de sorte, pra que o animal não morra antes da hora.
Pronto! Homens de volta e já afiando as facas!

O primeiro já se foi, que venha o próximo!


Outros vizinhos, outro animal


As crianças amando!


Tirando o couro

O sangue fica em um "buraco" na frente da casa, como que enterrado. Depois, o local é limpo (pelos mais caprichosos, claro...)

"Restos" do cordeiro (fico só devendo pra vocês as fotos dos montes enormes de couro em algumas esquinas).


E, pra fechar bem o dia, quando anoitece as crianças e mulheres se produzem muito e saem pelas casas para pedir dinheiro

Pra não estender muito mais, na próxima eu conto como foi o nosso tabaski- afinal, aproveitamos o feriado e nos reunimos com os meninos do projeto para um almoço bem descontraído e cheio de gratidão a Deus!




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tabaski (antes)




Estamos na época em que os muçulmanos celebram o dia em que Deus proveu o sacrifício a Abraão, quando ele sacrificaria seu próprio filho "Ismael". O tabaski, como é chamado, é um momento em que as famílias e amigos se reúnem e sacrificam também, cada uma, seu próprio animal.
O clima do país muda completamente!
Cordeiros- mutons- por todas as partes, literalmente! Inclusive já vi vários até mesmo "andando" de taxi, no banco traseiro. Com isso, já é de se imaginar que o cheiro da cidade (lembrando do calor que faz aqui) seja um pouco "diferente" também, né?! Em frente a cada casa e/ou estabelecimento- um animal esperando "sua hora".
O valor dos cordeiros é, em média, 150.000,00 Fca- que equivale a algo em torno de R$ 450,00. Porém, existe ainda uma certa "disputa" pelo melhor animal, o mais caro...afinal, quanto melhor o animal, mais bem aceito e maiores as bençãos! Ouvimos na rádio de um cara que comprou um "muton" por 1.200.000,00 fca (isso mesmo! Um milhão e duzentos mil!), três mil e seiscentos reais, aproximadamente. Isso porque estamos falando de um país muito pobre! Por causa disso também são comuns roubos e outras formas de violência. Afinal, o sacrifício é necessário mesmo que não se tenha condições comprar o animal.
Assim como o natal para nós brasileiros, o tabaski se tornou uma data muito importante comercialmente. Afinal, todos querem vestir as melhores- e mais novas- roupas, fazer um novo penteado no cabelo, maquiagem e vários "eteceteras". Nesta época todas as mercadorias são superfaturadas. Os preços sobem em proporções enormes. Mas, ainda assim, o tumulto é geral, as lojas são cheias e os mercados também, sem falar nas costureiras (aqui o mais comum ainda é mandar fazer a roupa).
Uma pena é que aqui é muito difícil de conseguir fotografar. Ainda mais que eu sou "tubab", eles reclamam e até partem para agressão, então, seguem algumas das que eu consegui meio "as escondidas":

Todo lugar é lugar. A cidade se torna um grande "mercado de cordeiros"

Ônibus "comum" parando para que seus passageiros comprem e "acomodem" seus animais na parte superior

Mais um "ponto de venda"

ônibus carregando animais e alimento para os mesmos

A rua da minha casa não poderia ficar de fora

Esse viaja mais "tranquilo", com mais espaço

Não vou finalizar esta postagem, afinal, ela continua na quarta!
Abraços

sábado, 6 de novembro de 2010

Pensando na vida, cumprindo a missão


Há uns dias atrás, um amigo me pediu para falar sobre missão de vida. Fiquei pensando em como respondê-lo sendo o mais verdadeira e menos teórica possível, afinal, de teorias e definições para "missão de vida" a internet está cheia. Não queria ser apenas mais um número, até porque não sou tão boa assim em palavras e nessa eu sairia perdendo.
Mas, arrisquei rascunhar minha opinião, levando em conta a inenarrável alegria de sentir-me alinhada ao que eu acredito ser a minha missão de vida (isso não significa que eu esteja perto de concluí-la).
Como estudante de Marketing que fui, aprendi que a Missão tem a ver com o que nos propomos a fazer e a quem. E, para mim, esta é a chave: PARA QUEM.
Trabalhar com meninos em áreas de risco é honrável. Servir de ferramenta para reinserí-los na sociedade também. Mas, não seriam o bastante para me fazer sair de casa, deixar o conforto, renunciar minha cultura, idioma, estilo de vida, comida, e váááárias outras coisas (até porque necessidades existem em todos os lugares). Mas, fazer a vontade Daquele a quem eu amo e que me ama acima de todas as coisas, isso sim me traz convicção, motivação e todos os "ãos" necessários para a formação desse ideal, dessa missão.

Ele me perguntou também sobre "minha bagagem". Voltando ao Brasil, o que eu levaria em minha mochila. Pergunta um tanto quanto difícil né?! Mas, a resposta tem ficado a cada dia mais clara pra mim!

De tudo o que tenho visto, ouvido e sentido aqui, é difícil escolher algumas coisas pra carregar comigo. Por ser branca e ser mulher, sou bem descriminada. Recebo normalmente um tratamento hostil ou "explorador" (salvo lindas e louváveis exceções). Com isso tenho aprendido demais o sentido de amar incondicionalmente. E é dessa bagagem que eu não pretendo abrir mão. Mesmo que eles não reconheçam. Mesmo que eles não "respondam" positivamente a todos os meus esforços. Eu faria tudo novamente. Na verdade, eu faria muito mais, se assim pudesse.