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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

E somos isso!

Gente,
Há algumas semanas atrás teve um culto ma-ra-vi-lho-so na reunião anual da missão Betânia no Brasil. Nós, aqui do outro lado do oceano, pudemos assistir uma parte e também falar um pouquinho a cerca de nós mesmos e do trabalho que desempenhamos.
Nem preciso expor minha alegria e emoção né?!
Ver cada um dos rostinhos que eu morro de saudades.
Mas, uma coisa sobretudo ficou marcada: a pureza e a verdade, expressas no discurso do Saulo e da Neiva.
Eles são missionários da Jumib no Paraguai e, para mim, são o máximo. Amo demais esses dois, em tudo.
Em um simples "discurso" eles conseguiram expressar tanto do que eu sinto aqui...escolhi algumas partes para colar aqui pra vocês. Vale a pena conferir!
(na foto, os dois...lindos!)


"Estamos  cercados de trabalho missionário, aprendendo que os projetos de igreja, escolas, rádios, hospitais  e toda estrutura física serve para nada menos do que de fachada para a construção de um reino transparente, muito maior, e muito mais importante. Reino que não se importa com o ter, e nem com o fazer, mas existe em nós quando somos.
E somos isso choramos e rimos, o campo é a mistura de lagrimas e canto, sorrisos e prantos.  No coração missionário chorar com os que choram, e ri é um presente. As estruturas estão ai, como a ponta de um iceberg, para que o missionário apresente fisicamente o seu trabalho, e para dar sentido quando tudo perde o rumo dentro dele.  
Missionário QUE É missionário, nem sabe o que faz. Dificilmente compreende o que tem, quanto tem, se é que tem… Para o campo vai, mas vai pensando : Porque não fico na minha terra , entre os meus, que também precisam tanto? Mas ele vai!! Por obediência vai!!"
"...o troféu que se acha na cura da família sem pai, na transformação da menina abusada, nas roupas, sapatos, comidas e copos de água entregues aos famintos."
"Rir é o nosso melhor, e somente chorar fazemos melhor ainda. Nessas horas não temos tempo para pegar a máquina fotográfica, nem animo para filmar, não queremos e nem podemos interromper esse momento.  O intocável momento do qual só a memória tem permissão de registrar. Situações que dificilmente em um culto, em uma igreja iremos compartilhar, pois só entendem aqueles que foram."

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sinto tanta falta


Uma pausa nos demais assuntos só pra fazer um desejo:
Passar todos os próximos "Valentine's day" ao lado deste homem lindo e que mesmo longe me faz tão bem.

Vini, obrigada por me ensinar a amar!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Coisas que a gente não explica

Gente, esse não é um post tradicional. Não conto aqui um lindo testemunho, uma aventura engraçada, e nem mesmo compartilho uma profunda meditação. Ainda sem um fim, narro uma experiência que faz parte das nossas rotinas (não necessariamente com os mesmos personagens).

Aqui em Dakar, como é do conhecimento de alguns, divido apartamento com mais uma missionária- Cristina. Os custos em geral são altos: aluguel, luz, telefone, mas nunca tivemos muita despesa com água. Nossas contas de água iam de R$ 2,00 a R$ 40,00- vocês já entenderão o porquê deste dado.
Há dois meses minha colega foi para o Brasil, e, por precaução e segurança eu saí do apartamento, e fui morar em um quarto junto a churrascaria até que eu tivesse alguma companhia. O bairro não é o que podemos chamar de "seguro" para uma menina (branca) e sozinha.
No início desta semana (dois meses após) fui até nossa casa para buscar as faturas e checar se estava tudo bem. Para minha surpresa (e indignação) a conta de água estava no valor de R$ 300,00. Ninguém havia ido ao apartamento durante todo esse período. Entrei rápido no apartamento, mas estavam todos os registros extremamente fechados.
Fui até a companhia de água (SDE) e relatei o que havia acontecido, mostrei-lhes as faturas antigas (de quando eu realmente usava a água) e pedi que o caso fosse revisto. O senhor que me ouvia riu (de forma debochada) e disse: "Bem vinda ao Senegal, tubab (palavra que designa os estrangeiros)!". Não consegui decifrar o que eu senti no momento, só sei que fiquei sem reação.
Procurei então, outros meios. Fui até a sede principal da companhia. Eles me ouviram e pediram que eu retornasse em dois dias (inclua nesse parágrafo longas caminhadas e horas de espera).
Dois dias depois, retorno. Confesso que estava bem esperançosa- afinal, eu só queria justiça. Esperei, esperei, esperei...e, quando finalmente fui atendida, a resposta foi a de que aquela fatura era mesmo verdadeira. Como? Não sei. Tentei argumentar, explicar e “re-explicar”, mas sem sucesso.
Novamente eu não decifrei o que senti (e isso é comum acontecer comigo aqui no Senegal, muitos sentimentos desconhecidos), só sei que eu comecei a chorar. Chorei compulsivamente, nada me fazia parar. Na minha mente passava um filme com todas as situações em que eu enfrentava neste país tão distante. O que, afinal, eu estava fazendo ali? -Ninguém entenderia se eu contasse. Se eu fosse colocar no papel, o “saldo” do meu tempo aqui somariam muito mais imprevistos e frustrações do que grandes realizações e acertos. Por que então?
Saindo do mundo dos meus pensamentos e voltando ao momento em que eu chorava em frente aos funcionários da SDE, uma senhora muito gentil tentava me ajudar como podia. Disse que iria parcelar aquele valor (o que facilitaria o pagamento, mas continuava sendo difícil e injusto) e que enviaria um encanador pra verificar se havia algum vazamento interno. Ela dizia também, constantemente, para eu parar de chorar- mas eu não conseguia. Nem parar de chorar, nem explicar o porquê das lágrimas.
Foi então, que ela me perguntou se eu acreditava em Deus. Vocês podem imaginar o impacto dessa pergunta para mim naquele momento? Respondi que sim, que justamente por crer em Deus e crer que Ele amava os senegaleses foi que eu deixei tudo no Brasil e estava lá, naquele momento com ela. Ela me abraçou e choramos juntas. Eu cristã, ela muçulmana.
Agora éramos duas a chorar. Ela me levou pelas salas da empresa e me apresentou a todos. Contava a eles que eu estava aqui porque amava a Deus. Após o “tur” de lágrimas, me despedi dela e vim para casa.
A questão da conta não foi resolvida (apesar de amenizada por suaves parcelas), ainda não encontrei justificativas pra todo aquele choro, não sei também o que aquilo significou para os funcionários da empresa (que- em cadeia- foram unindo-se a nós em lágrimas), mas a resposta àquela pergunta eu sei com convicção: EU CREIO EM DEUS! Entendi que isso bastava.