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domingo, 30 de janeiro de 2011

"Aventurinha"


Faz tempo que não conto nada muito cotidiano. Pois é, a “aventura” de hoje PRECISA ser narrada. A proposta foi aproveitar o domingo e ir ao Lago Rosa- ponto turístico do Senegal, que até então eu só conhecia de longe.
O combinado era passarem aqui em casa pra me buscarem as 8:30. Quase 9:30 eles chegaram. Isso é beeem típico daqui, quem reclama(va) do Brasil (tipo eu) precisa mesmo passar por essas e ver que o brasileiro nem tem taaanto problema assim com horários!
Outro detalhe é que eles levam turismo e/ou passeio com amigos tão a sério que um deles veio de terno, gravata e sapato social (para irmos a um lago. Ãh?!)
Pegamos o primeiro “Ndiagandiay” (não é assim que se escreve e eu não faço idéia de como seja, mas, é assim que se lê!). O segundo (quase uma hora). Parada em Pekini (tbm não é assim, e todos os demais nomes que eu citar desconsidere a escrita!). Mais um, mas dessa vez era um ônibus. Outra parada, e, outro “Ndiagandiay”. Descendo deste último, tomamos um Kalandoo (já contei dos kalandoos em um outro post) e, enfim, chegamos ao Lac Rose. Isso já era uma da tarde.
Passeamos pelo lago (que nesta época do ano e clima ele não está rosa), pelo deserto, deserto e deserto e de volta ao lago! É claro que eu não perderia a oportunidade néééé?! Entrei nessa maravilha salinizada! Kkkkkk Ameeei! Pensei que eu fosse ficar cega quando a água passou perto do meu olho, mas amei todo o restante! A gente “bóia” de qualquer jeito, até de bruço! Fica na água “em pé” mesmo sem encostar no fundo e não precisa fazer a menor força pra não afundar (juro que quando me falavam eu achava que era um pouco “forçar a barra”)- é incrível!
Já ouvi dizer que o lago rosa tem maior quantidade de sal que o mar morto. Se é verdade não sei, mas que lá poderia se chamar “lago morto” isso sim! Não existe nenhuma forma de vida que resista àquele sal todo (meus cabelos que o digam! Kkkk).
Depois, uma “duchinha” de balde (com uma água bem fedidinha) pra tirar o excesso de sal para então, um típico almoço senegalês. Olha o Cebujen de novo aí gente! Não vou falar muito do almoço pra não precisar falar das condições do local! Kkk
Com a “pança” cheia, fomos de barquinho ao outro lado do lago, para vermos as salinas e todo o processo de retirada do sal e etc...
Algumas coisinhas me chamaram atenção: o Lago Rosa é o único lugar do mundo (segundo o guia de lá) em que o sal se cristaliza já na água. Os barcos vão e retiram o sal direto, sem precisar retirar a água e tal...Outro detalhe é que o espaço é livre para quem quiser explorar o sal. O governo não exige nada nem cobra qualquer tipo de taxa (por isso, eles se organizam entre eles e cada um coloca seu “número” em “sua montanha” de sal).
Para voltarmos, tudo parecia tranqüilo:
 Kalandoo- OK
1º “Ndiagandiay"- Ok!? Nãoooo, no meio de um “nada” ele estraga. O motorista foi consertar e nós esperamos dentro do mesmo. Como eu estava muito cansada e bem ansiosa por chegar em casa, fiquei olhando no relógio de tempo em tempo- o que contribuiu pra contar essa história!
19:24- O carro quebrou.
20:00- (mais de 30 min. depois!) Sem concerto, todos descem do mesmo. Este horário marca também a nossa peregrinação. Isso mesmo! Começamos a caminhar naquele deserto todo, apenas com a lanterinha do meu celular, em busca de uma salvação- digo, solução!
20:30- Ainda estávamos caminhando, sem a menor noção de nada. Não dá pra contar aqui quantas vezes eu quase cai em crateras, chutei pedras e etc...Sem contar que eu nunca desejei tanto na minha vida ser um camelo e guardar dentro de mim água o suficiente pra toda uma jornada! Eu estava seca, completamente, e não encontrava em mim nem mesmo saliva!
20:45- Achamos um pedacinho de “civilização”! Mas, os ônibus já haviam parado de funcionar (sério! Kkkkk) Conseguimos então, pegar outro Kalandoo.
Após o Kalandoo pegamos um taxi e, as 22:20 eu cheguei em casa sã, salva, suja,  sedenta e faminta! “C’est la vie!”

beijocas e até próxima aventura!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cuide (ainda) mais um pouquinho



“Um homem plantou uma figueira em seu pomar, e veio muitas vezes ver se podia achar algum fruto nela, porém nunca achava nada. Finalmente ele disse ao chacareiro que cortasse a árvore. ‘Já esperei três anos e não apareceu um único figo!’ disse ele. ‘Por que me incomodar mais com ela? Pois está ocupando o lugar que podemos usar para outra coisa’.
’Dê-lhe mais uma oportunidade’, respondeu o chacareiro. ‘ Deixe-a mais um ano, e eu darei atenção especial a ela; colocando bastante adubo em redor. Se conseguirmos figos no próximo ano, muito bem, se não, eu a cortarei”. Lc 13-8

Essa parábola me chamou muita atenção hoje. Não sei, de verdade, como teria sido o fim dessa história. Jesus parou por aí. Pra tentar entender, me coloquei no lugar de ambos (o homem e o chacareiro) e, de verdade, me encaixei perfeitamente na posição daquele que, depois de um tempo, preferiria cortar a árvore.

Ainda não sei qual dos dois estava com a razão. Desculpem-me os mais sábios e/ou estudiosos, mas acho que sou um pouco como os discípulos: não sei se entendi muito bem o que, naquele contexto, Jesus queria dizer com aquilo. Mas, sei perfeitamente o que- hoje- Ele está me dizendo: persevere!

Àquilo que você começou, àqueles em quem você plantou uma sementinha: CUIDE mais um pouquinho. Dedique-se. Dê-lhe mais uma oportunidade, quem sabe em mais um pouco de tempo, com um pouco mais atenção, você possa saborear os frutos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tarefas cansativas


Eu queria que, na prática, o trabalho missionário fosse tão lindo quanto na mente da maioria das pessoas. É claro, se olharmos pela perspectiva dos resultados, ele não deixa de ser. No entanto, o dia a dia é recheado de trabalhos desgastantes, cansativos e sem grandes emoções. Nossas tarefas diárias geralmente são serviços que não tem quase nada a ver com o nosso ideal (ooooh!). São tarefas humildes e pouco agradáveis. É preciso perseverança, esperança, força e determinação.
O “ministério” de Jesus não foi diferente. Consistia, também, na execução de tarefas “enfadonhas”. Lavar os pés dos discípulos é um exemplo disto- um trabalho desprezado- e Ele nos diz para fazermos o mesmo. Foi isso o que Jesus nos deixou: uma toalha e uma bacia. A tarefa em si é humilde, mas as lições aprendidas com ela são de um valor inestimável.
Estou certa de que não sou a única que chego ao final do dia com a sensação de não ter feito nada de “efeito”, nada de “eterno”. Mas, lembramo-nos do plantio, do tempo da semente e sigamos assim: semeando e chorando, mas com a certeza de que voltaremos com alegria, trazendo os nossos feixes.

“Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com cantos de alegria, trazendo os seus feixes.” Sl 126.6


sábado, 15 de janeiro de 2011

Caminhando ao Salvador


Faz tempo que queria contar uma história super interessante, mas sempre ia proscrastinando. Talvez porque a história ainda não tivesse chegado ao fim...

Nesse natal recebemos a visita de duas pessoas muito diferentes em nosso culto: o que se chama aqui de Mbay Fall (Pai Fall) uma confraria do Islã, discípulos do Pai Fall. São diferenciados em tudo, maneira de vestir, amuletos. Não praticam os ritos de orações e jejum dos muçulmanos e vivem "sem lei" e sem regras, mesmo as religiosas, pois são considerados como que "separados". Isso é que se vê com os olhos naturais, mas não o que sentimos quando somos confrontados com eles nas ruas. Um povo rejeitado, evitado.
Um deles é pai de um dos rapazes, ex- menino de rua. Ele foi um dos primeiros cristão nos anos 80, mas abandonou a Igreja pela perseguição que sofreu. A esposa o abandonou com os filhos, e ele voltou para a escola corânica onde, segundo ele, seria um refúgio. Ninguém o perseguiria alí. Levou sua Bíblia e toda noite lia para todos os seus colegas. Ele diz que se tornar um Mbay Fall foi a forma que teve de não praticar os ritos do islã, e ainda assim não morrer. Orem por ele. Um dia podemos falar mais de sua história.
Eu estava profundamente emocionada (e surpresa, confesso!) com aquela cena. Primeiro por ter visto a alegria do menino ao encontrar seu pai depois de tantos anos. Sua mãe o abandou para que não tivessem contato com o cristianismo, mas depois de todas as "voltas da vida" ele também conhece a Jesus e, como uma dádiva, reencontra seu pai.
Hoje, janeiro de 2011. O outro Mbay Fall que veio ao culto junto ao seu "companheiro", que nunca tinha ouvido o Evangelho, nos procurou para contar que depois daquele dia ele sonhou com a mão de Jesus cravada na cruz, viu os pregos e o sangue de Jesus vertendo.
Durante alguns dias ele ficou pensando no que ouviu, na oração, e no sonho que teve, e hoje perguntou ao Bruno: Como posso seguir a Jesus? Os dois caminharam até o Salvador e ele entregou sua vida a Jesus.
Regozigem-se conosco! Deus está revelando, formando seu Filho nesse povo, para que estejam diante do Trono louvando o nosso Rei do reis e Senhor dos senhores.

Toda glória e honra ao nosso todo poderoso e muito amoroso Salvador de todas as nações!

Obs1: Esse post é uma "parceria" com a Sirlene (colega de ministério). Ela havia escrito a respeito e eu apenas "adaptei"- acrescentando alguns sentimentos e pontos de vista.
Obs2: Na foto, o cara em pé é o pai do menino, no qual eu falei. O Mbay Fall ao lado é o que sonhou com Jesus.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Nas águas


Sei que estou em débito com vocês. Mas, graças a Deus, tivemos muito trabalho neste final e início de ano. O ano de 2010 se foi com gostinho de vitórias pra mim, e 2011 já entrou lançando seus desafios e expectativas.

Já começamos o ano com uma linda celebração entre a igreja de Dakar (com a qual tenho participado mais ativamente) e a igreja de Thiés (cidade próxima)- que é parte de nosso ministério aqui. Passamos o dia juntos, realizamos alguns batismos, festejamos, comemos, cultuamos, e ceamos. Foi uma experiência incrível para mim.

Enquanto olhava (e fotografava, claro!) o batismo- e era dia 2 de janeiro- fiquei a pensar: somos realmente loucos! Tá certo que essa “tradição” não é comum aqui no Senegal, mas há um dia atrás muitos estavam- vestidos de branco- pulando ondinhas na praia, e hoje, nós estamos aqui “mergulhando” nestas ondas.

Além de todo o significado do batismo, e de toda a dificuldade espiritual e cultural do país- que já tornam este momento emocionante- a água foi o elemento que mais me chamou a atenção. Na Bíblia a água aparece como símbolo do Espírito Santo: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Ele falava isso se referindo ao Espírito Santo, que mais tarde receberiam os que Nele cressem".Jo 7.38-39

Fiquei, ainda, por alguns dias encontrando diversos textos e meditando nesta preciosidade que é estarmos imbuídos no Espírito de Deus. Desfrutando deste refrigério. Saciando a minha alma e vendo todo o efeito que esses rios podem e devem fazer a medida que fluímos neles e deixamos com que eles fluam através de nós.

Para completar, no final desta semana estive enferma (provavelmente intoxicação alimentar), o que gerou em mim a tal desidratação. A falta de água em nosso corpo redunda no mal funcionamento de nossos órgãos, enfraquece, debilita, somatiza dores...(essa definitivamente não é minha área, então, cito apenas o que vivenciei). Da mesma forma, a falta da água viva em nossa alma nos torna débeis e fracos. Somatiza dores físicas e emocionais, sentimentos contrários...

Escolhamos viver imersos, envolvidos pela vida. Pela água viva. Bebamos. Fluamos.

“mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".João 4:14